Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet
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Dr. Rolf Wirtz assumiu o comando da thyssenkrupp Marine Systems GmbH em 2017, vindo da Atlas Eletronik, adquirida naquele mesmo ano pela empresa. Em outubro de 2018, após uma reorganização da área industrial do Grupo, a divisão Marine Systems passou a se reportar diretamente ao Board da thyssenkrupp AG. Em dezembro, ao visitar o Brasil para acompanhar as tratativas relacionadas ao Programa Corveta Classe Tamandaré, do qual a tkMS é uma das quatro finalistas, falou com o DefesaNet.
Ao ser perguntado qual o diferencial da proposta do Consórcio Águas Azuis no Programa Corveta Classe Tamandaré, Wirtz não perde tempo e afirma prontamente: "a qualidade de nosso produto. Temos o melhor produto!”.
A frase dita por Rolf Wirtz pode parecer agressiva, mas é dita de forma segura e calma. A confiança do engenheiro em seu produto está nas mais de 82 corvetas e fragatas da classe MEKO entregues a Marinhas de 13 nações diferentes, 37 delas produzidas fora da Alemanha e todas ainda em plena operação – oferecendo um ciclo de vida de mais de 40 anos. Lembrando que as fragatas Classe Niterói em média estão alcançando 40 anos de vida operacional na Marinha do Brasil.
A classe MEKO ostenta os benefícios de cinco gerações de embarcações graças à sua iteração de design, pela qual as melhores características de projeto de cada navio evoluem para o próximo, garantindo que as novas gerações tenham maturidade, tecnologia, materiais e padrões sólidos e comprovados.
Ao explicar o sistema MEKO, Rolf Wirtz fala como executivo antes de um vendedor: “A família MEKO – MEhrzweck-KOmbination (Combinação de Múltiplos Propósitos) é um sistema testado e otimizado. Permite não somente a evolução de sistemas de armas e sistemas de detecção e controle, mas garante uma base para a evolução. Assim passar da MEKO A100 para a A200 e a A400 no futuro garantem uma base de engenharia, economia de projeto e uma evolução segura”.
Acima o esquema da Modularidade de Configuração com a possibilidade de integrar diferentes equipamentos de diversas origens.
O sistema MEKO garante não somente a incorporação de diferentes sistemas de armas ao projeto, mas garante também o que a tkMS chama de:
– Modularidade de Plataformas,
– Modularidade de Configuração, e,
– Modularidade de Missão.
Enquanto as duas primeiras estão vinculadas à estrutura do navio, a Modularidade de Missão permite que um navio tenha capacidades adicionais dependo dos requisitos operacionais. Baseada em containers, que podem ser incorporados a uma estrutura, que já prevê conexões de energia e o necessário para conectividade com os demais sistemas embarcados. Pode ser agregado até um sonar caso seja requerido capacidade ASW.
E quanto à Embraer Defesa & Segurança (EDS)?
“A Embraer é a parceira ideal para este projeto. Venho da Atlas Elektronik e sei da importância de ter uma empresa como a Embraer Defesa & Segurança e sua subsidiária Atech para absorver e integrar a tecnologia de nossos sistemas”, afirma Wirtz. A Atech fornecerá o Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS) dos navios em cooperação com a Atlas Elektronik.
Wirtz chama a atenção para um ponto relevante. A parceria entre thyssenkrupp e Embraer no Consórcio Águas Azuis poderá ir além do Programa Corveta Classe Tamandaré. Isso porque a participação da Atech e a evolução na sua conhecida capacidade de integração é um ponto de extrema importância para o CEO da tkMS.
“Além disso, procuramos um parceiro global e a Embraer Defesa & Segurança terá a capacidade de participar de outros projetos tanto para a Marinha do Brasil como em outros mercados regionais”, afirma.
Problemas de qualidade
Sobre os alegados problemas de projeto que afligiram a tkMS em programa para a Marinha Alemã, Wirtz esclarece: "O Projeto da Fragata Classe 125 prevê que cada navio possa operar dois anos sem aportar, operar distante da base e de forma continuada. Em um cenário ideal prevê que até a tripulação seja trocada por helicópteros em plena operação no mar."
"Cerca de 70 % dos sistemas foram projetados especificamente para a Classe 125. Isto é o que tenho para falar. Não comentamos afirmações de clientes", encerra.
Dr Rolf Wirtz e o Editor-chefe de DefesaNet.
Estaleiro Oceana
Outro ponto alto do Consórcio Águas Azuis é a participação do Estaleiro Oceana, do Grupo CBO, localizado, em Itajaí, SC. "O estaleiro Oceana tem excelentes instalações como que esperando um projeto dessa complexidade. Ambiente fechado para trabalhar com sistemas sofisticados e já tem a experiência em projeto naval modular. O Oceana junto com a Embraer Defesa & Segurança garantem que avançaremos de forma segura e me dão a confiança e certeza do sucesso do Consórcio Águas Azuis", completa Wirtz.
Confiabilidade
Wirtz enfatiza o sucesso dos submarinos Classe Tupi, que operam de forma exitosa na Marinha do Brasil e concluíram uma excelente transferência de tecnologia, incluindo a produção de quatro submarinos no Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro e possibilitando a construção do Tikuna, que incluiu modificações de projeto feita por técnicos da Marinha do Brasil.
O primeiro submarino da classe Tupi foi construído no estaleiro da thyssenkrupp Marine Systems em Kiel, na Alemanha, e incorporado à Marinha do Brasil no final da década de 1980. Após esse primeiro submarino, outras quatro unidades – Tamoio, Timbira, Tapajó e Tikuna – foram construídas no Arsenal da Marinha no Rio de Janeiro, com base no projeto e na tecnologia da thyssenkrupp.
Desenvolvendo negócios no Brasil desde 1837, a thyssenkrupp emprega aproximadamente 8 mil colaboradores em todas as regiões do país nos segmentos automotivo, energia, infraestrutura, mineração, cimento, construção civil, química, petroquímica e defesa.
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Para uma descrição do Consórcio Águas Azuis acesse:
CCT – EMBRAER e ThyssenKrupp – Finalistas do Programa Corveta Tamandaré
Nota DefesaNet
O Consórcio Águas Azuis tem um site:
https://consorcioaguasazuis.com.br/